terça-feira, 23 de dezembro de 2014

As evidências, nem sempre são tão assim tão evidentes.

Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.
Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?
Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.
P. Seremos todos considerados doentes mentais?
R. Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.
P. Com a colaboração da indústria farmacêutica...
Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de criar novas doenças
R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.
P. O que propõe para frear essa tendência?
R. Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.
P. Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?
R. Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.
P. E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?
R. Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.
P. A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?
Os seres humanos sobrevivem há milhões de anos graças à capacidade de confrontar a adversidade
R. Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.
P. Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?
R. Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.
P. E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?
R. Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.
P. Não vai ser fácil…
R. Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.
P. Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.
R. Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.
P. Em que sentido?
R. Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.
P. E também será preciso mudar hábitos.
R. Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/26/sociedad/1411730295_336861.html

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Era do pós-medicamento, um relatório preocupante.

O CDC (Center for Disease Control) publicou um relatório que alerta para estado da resistência aos medicamentos nos Estados Unidos da América, onde ocorreram em 2013, 23000 mortes ligadas à resistência aos antibióticos. 

“If we are not careful, we will soon be in a post-antibiotic era, a
nd for some patients and for some microbes, we are already there” disse o director do CDC, Dr. Tom Frieden, num briefing aos média.

Link do relatório: http://www.cdc.gov/drugresistance/threat-report-2013/pdf/ar-threats-2013-508.pdf

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Novas linhas orientadoras na gestão do colesterol sanguíneo para redução do risco aterosclerótico cardiovascular no adulto.

Já há algum tempo que não publicava nada, um pouco por falta de tempo, mas aqui estão as novas linhas orientadoras para a gestão do colesterol, publicadas dia 12 de Novembro. Foram elaboradas em conjunto pelo American College of Cardiology (ACC) e American Heart Association (AHA), desenvolvidas em conjunto com o National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI), estas novas linhas orientadoras surgem nove anos após as últimas linhas orientadoras emitidas pelo ATP(Adult Treatment Panel).

Um dos pontos mais marcantes destas novas linhas orientadoras é o abandono dos limites-alvo de LDL a serem atingidos, por falta de evidências de estudos clínicos controlados randomizados que suportem estes limites alvo. Desta forma, as novas linhas orientadoras não fazem recomendações para níveis alvo especificos de Colesterol-LDL ou não HDL para a prevenção primária e secundária da doença aterosclerótica cardíaca.


Em vez disso, as novas linhas orientadoras identificam quatro grupos de pacientes para prevenção primária e secundária em quem os clínicos deveram focar os seus esforços no sentido de reduzir o risco de eventos cardiovasculares adversos. E nestes quatro grupo de pacientes, as novas linhas orientadoras recomendam uma intensidade apropriada do tratamento com estatinas de forma a atingir as reduções no colesterol LDL desejadas.






sexta-feira, 19 de julho de 2013

Injeção intramuscular na região dorsoglútea - pontos de referência.

No sentido de rever a informação existente relativamente aos pontos de referência que se devem usar quando estamos a determinar uma área segura para a administração de uma medicação injetável por via intramuscular (I.M.) na região dorsal do glúteo, realizei uma pesquisa online de estudos que abordassem esta temática, e é consensual que os dois pontos de referência são o grande trocanter e a crista ilíaca póstero-superior, devendo imaginar-se uma linha imaginária entre os dois pontos, o ponto de inserção da agulha deverá ser aproximadamente 2,5cm em direção à cabeça a partir do ponto médio da linha.

Após isto, usei o site https://www.biodigitalhuman.com/home/ que oferece ferramentas extremamente úteis para nós profissionais de saúde termos um conhecimento mais profundo sobre a anatomia do corpo humano, e seleccionei 3 tipos de vistas, que permitem contextualizar os pontos de referência com o glúteo, nervo ciático e com a artéria glútea superior.




No entanto, Perry & Potter (2004) referem que este local de administração deve ser a última escolha devido à possibilidade de danos no nervo ciático e na artéria glútea superior. 

Já Boyd et. al. (2013), concluem no seu estudo que as injecções intencionalmente I.M. no glúteo são muitas vezes administradas do espaço sub-cutâneo e que o ensino de técnicas associadas a injeções I.M. com sucesso aumenta a taxa de injecções com sucesso, ou seja, aplicadas do tecido muscular.

"A lesão do nervo ciático resultante de uma injeção I.M. no quadrante superior externo da nádega é um problema persistente mais evitável, que afeta que pacientes em serviços de saúde com bons meios, quer em serviços de saúde com maus meios. As consequências desta lesão são potencialmente devastadoras. Há locais alternativos para administração de terapêutica I.M. mais seguros. Estes deveriam ser promovidos de uma forma mais abrangente por organizações médicas e de enfermagem" Mishra & Stringer (2010) traduzido por Cova (2013).


Referências:

Cornwall, J. Are nursing students safe when choosing gluteal intramuscular injection locations? 
AMJ 2011, 4, 6, 315-321 http//dx.doi.org/10.4066/AMJ.2011.764


Boyd et. al. (2013). Improving the success rate of gluteal intramuscular injections. Pancreas:

July 2013 - Volume 42 - Issue 5 - p 878-882doi: 10.1097/MPA.0b013e318279d552.

Mishra, P. and Stringer, M. D. (2010), Sciatic nerve injury from intramuscular injection: a 
persistent and global problem. International Journal of Clinical Practice, 64: 1573–1579. 
doi: 10.1111/j.1742-1241.2009.02177.x

http://www.inmo.ie/MagazineArticle/PrintArticle/5676

http://www.slideshare.net/moninages/best-practice-in-intramuscular-injections

https://www.biodigitalhuman.com/home/





quinta-feira, 11 de julho de 2013

Linhas orientadoras do tratamento do HIV atualizadas pela OMS.

A nova abordagem  foca-se no tratamento da doença numa fase mais precoce, o que reflete a crescente evidência de que tratar os pacientes mais cedo, a contagens mais elevadas de células CD4  quando o sistema imunitário ainda está praticamente intacto, pode reduzir de uma forma significativa a mortalidade e prevenir a transmissão do HIV.

Linhas Orientadoras para a gestão da Osteoporose foram atualizadas.

Linhas orientadoras para a gestão da osteoporose em homens e mulheres com pelo menos 50 anos de idade  no Reino Unido atualizadas.

Link: http://www.maturitas.org/article/S0378-5122%2813%2900176-X/fulltext

sexta-feira, 28 de junho de 2013

FDA não recomenda o uso de Hidroxietilamidos (HES) em pacientes adultos em estado critico.

A US Food and Drug Administration (FDA) emitiu dia 24/6 um comunicado relativo aos Hidroxietilamidos (HES) onde se pode ler: 


"FDA has concluded that HES solutions should not be used in critically ill adult patients, including patients with sepsis and those admitted to the ICU"

As recomendações para os profissionais de saúde são:
  • Do not use HES solutions in critically ill adult patients including those with sepsis, and those admitted to the ICU.
  • Avoid use in patients with pre-existing renal dysfunction.
  • Discontinue use of HES at the first sign of renal injury.
  • Need for renal replacement therapy has been reported up to 90 days after HES administration. Continue to monitor renal function for at least 90 days in all patients.
  • Avoid use in patients undergoing open heart surgery in association with cardiopulmonary bypass due to excess bleeding.
  • Discontinue use of HES at the first sign of coagulopathy.

Podem ler aqui o comunicado: 

http://www.fda.gov/BiologicsBloodVaccines/SafetyAvailability/ucm358271.htm

O que são os Hidroxietilamidos?


Soluções sintéticas coloidais modificadas a partir da amilopectina. Este polissacarídeo é formado por subunidades de glicose interligadas por ligações alfa 1,4 e 1,6. O grau de ramificação é de 1:20, o que significa que há uma ligação alfa 1,6 para cada 20 monômeros de glicose. Para aumentar a solubilidade em água e lentificar a hidrólise pela amilase, substituem-se os grupos hidroxil pelos hidroxi-etil (principalmente nos carbonos 2, 3 e 6).
Os HES são caracterizados pelo seu grau de substituição, pela razão molar de substituição, pela razão C2/ C6, pelo peso molecular médio e concentração.
O grau de substituição é determinado pela razão entre o número de moléculas de glicose com substituição do radical hidroxi-etil e o número total de moléculas presente. A razão de substituição molar é dada pela divisão do número total de grupos hidroxi-etil pelo número de moléculas de glicose.
Quanto maior o grau de substituição e/ ou a razão de substituição molar, menor é a degradação.
A razão C2/ C6 expressa o tipo de substituição, traduzindo-se no dividendo do número de moléculas de glicose com hidroxi-etilação no C2 pelo número das mesmas com hidroxi-etilação no C6. Quanto maior a razão, mais lenta é a depuração.

1 - Farmacocinética

A principal via de excreção é a renal (moléculas menores que 50000 Da aparecem quase imediatamente na urina).
A taxa de decaimento plasmático depende de sua absorção tecidual (fígado e baço), do retorno gradual à circulação, da captação reticulo-endotelial e da degradação subsequente a partículas menores excretadas na bilis e urina.
Logo após infusão venosa, as moléculas são clivadas pela alfa-amilase sérica, resultando em moléculas menores. Quanto maiores forem o peso molecular, a razão C2/ C6 e o grau de substituição, maior será a duração do efeito e mais lenta a eliminação.

2 - Ações Orgânicas

2.1 - Efeitos microcirculatórios – além de serem indicados para expansão plasmática, alguns estudos sugerem atenuação da resposta inflamatória, redução da permeabilidade capilar e diminuição da lesão/ ativação endotelial. Os efeitos hemorreológicos produzidos parecem melhorar a oxigenação tecidual. No entanto, há necessidade de estudos com maior grau de evidência para validar estes potenciais benefícios.

2.2 - Coagulação – os HES de alto peso molecular, grau de substituição e razão C2/ C6 parecem diminuir os fatores vWF e VIII c: por precipitação, alargando o tempo de tromboplastina parcial ativada. Além disso, estes mesmos HES mostraram indução de disfunção plaquetária. Os HES mais modernos com peso molecular e grau de substituição menores parecem ser mais seguros. Estudos com maior impacto devem ser conduzidos nesta área.

2.3 - Função Renal – os HES com alto peso molecular e alto grau de substituição induzem maior grua de disfunção (hiperviscosidade tubular com estase e edema de células tubulares). No entanto, adequada hidratação tende a anular este efeito.
Fatores como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, desidratação, hipotensão, idade avançada, hipóxia, antibióticos, inibidores da enzima de conversão de angiotensina 1 e doença renal prévia têm sido relacionados ao aumento de falência renal em pacientes que receberam HES.

2.4 - Reações alérgicas – incidência de 0,006% em relação do dextran. Acredita-se em ativação direta do complemento mediando reação anafilactóide.

2.5 - Prurido – frequentemente associado ao uso crónico e relacionado à acumulação extravascular (dose-dependente de longa latência antes dos sintomas).

2.6 - Hiperamilasemia – devido ao fato da amilase ligar-se ao HES, esta escapa da excreção renal e tem seus níveis séricos aumentados em até cinco vezes. Porém, este fato não está ligado a disfunção pancreática ou diminuição de atividade da lipase.

3 - Posologia
A dose máxima varia com as características de cada amido. No caso do HES 450/ 0,7 a 6% recomenda-se o máximo de 20 ml/ kg/ dia ou 1500 ml/ dia. Doses de 50 ml/ kg/ dia de HES 130/ 0,4 a 6% foram aprovadas para uso clínico.

Em Portugal de acordo com o prontuário do Infarmed, estão disponíveis os seguintes:

-  HyperHAES
- Cloreto de Sódio + Hidroxietilamido Baxter 0,9% + 6% Solução Para Perfusão
- Haes-Steril 6%
- Hemohes 6%
- Infukoll 6%
- Venofundin
- Voluven Fresenius

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